terça-feira, 16 de novembro de 2010

Frank Sinatra: My Way




Tradução: Meu jeito

E agora o fim está próximo
Então eu encaro o desafio final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza


Eu vivi uma vida que foi cheia
Eu viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito


Arrependimetos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção


Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito


Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engolia e cuspia fora


Eu encarei tudo e continuei de pé
E fiz do meu jeito


Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido


Em pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não, não eu
Eu fiz do meu jeito


E pra que serve um homem, o que ele tem ?
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém que se ajoelha


Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz do meu jeito

Banco de pedra

Google imagens: Banco de pedra no asilo Saint-Remy, Vang Gogh
O peso de meu corpo é insuportável
Comparado à leveza do nada.
Meus pés se arrastam cambaletantes,
E eu não posso resistir-lhe.
Meu suor embebeda-me a alma, outrora calma.
Me rendo, enfim, à frieza de um banco de pedra,
E meu corpo repousa, completamente só.
Um desconhecido se aproxima, e me observa.
Meu cansaço toma conta de mim e sou incapaz de ver
através de meus olhos secos de lágrima.
Este desconhecido sou eu, desencantado,
observando a beleza sepulcral do nada,
Na frieza vazia de um banco de pedra.

(Victor Zanata)

domingo, 14 de novembro de 2010

Navegar é preciso

Google imagens: Barcos de Saintes Maries, Vang Gogh



Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo
e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Fernando Pessoa)

Single #Crença# em breve

Bem-vindos novamente! Para quem não sabe eu baixista da banda Menus 2: uma banda de hardcore da cidade de Marília, formada no início de 2010. Participamos de alguns fests e estamos trabalhando atualmente em algumas composições. Em breve (no tardar, em Janeiro de 2011) estaremos lançando um single da música crença (ensaio no youtube), de autoria do guitarrista e vocalista Douglas Eduardo. Agradecemos à todos que nos acompanham desde o início, e é claro, todos aqueles que gostarem do nosso trabalho.


Arte: Douglas Eduardo
                                            

Tudo que somos

Diria León Bloy:
"Nenhum homem sabe quem é"
E prefiro que assim seja.
Se a vida é um grande mistério,
Não se deve estragar a surpresa.

Tudo que somos:
Movidos pelo desejo,
Instigados pela incerteza.
Incertos de nossas paixões.
Apaixonados pela beleza.

(Victor Zanata)

Nada a dizer

Tem dias em que me sinto vazio, sem nada a dizer. Como hoje. Hoje é um dia em que eu poderia ficar durante horas dizendo tudo sobre o nada. Não é que eu não tenha algo a dizer; mas começo a me perguntar se vale a pena gastar minhas energias dizendo, a mim mesmo, coisas que já estou cansado de saber. É como se eu desse uma pausa para ir ao banheiro. Mas no meio do caminho, eu simplesmente fujo do real, do racional, do certo, do convencional: pego minhas malas, meu violão, meu caderninho de notas e rumo ao Fantástico Mundo das Ideias. Fico lá durante horas; quase o dia todo. Às vezes durmo lá, e, nas mais belas noites, os mais belos sonhos. Neste mundo eu sou livre para ser o que eu quiser, pensar e dizer o que eu quiser, fazer o que eu quiser: sinto-me, enfim, plenamente humano. Mas o que é o humano? O humano é vontade, o humano é desejo! Desejo de ser mais; necessidade de desvendar o impossível e vencer as barreiras; vontade de não fazer sempre as mesmas coisas. Desejo de ter algo a dizer! Enquanto eu...

- Nada a dizer...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Meu ofício sem "ofício"

Hoje fui à uma escola pública da periferia da cidade, às 19h, para fazer um certo trabalho de Sociologia. Chegando lá, "com uma mão na frente e outra atrás", avistei um grupo de jovens que chegaram atrasados para a aula. Eles conversavam muito, davam várias risadas. Do lado de fora um grupo de meninas conversavam como que revelando segredos. Fui até o balcão da secretaria e esperei ser atendido: "Pois não?", perguntou uma mulher morena que aparentava uns 40 anos de idade. Seu ar era de indiferença e relativo desprezo. "Sou estagiário", respondi. "Estagiário?", indagou a mulher. "Sim. Minha professora me disse para procurar esta escola para fazer um trabalho de sua disciplina". A mulher, sem saber o que responder, olhou para outra e perguntou se ela sabia de algo. Sem sucesso. Nos momentos seguintes tentei convencê-las a reconsiderar minha situação, dizendo que um outro grupo já realizava suas atividade nesta mesma escola. Novamente sem sucesso. Enfim, minha entrada foi mais uma vez (da outra vez a diretora da escola parecia ter medo do que eu poderia dizer sobre sua escola - de certo diria algo) impedida. Compreendi. Afinal, por falta de tempo, energias, coragem, não procurei minha professora para pegar um tal ofício que prometera redigir. Na volta para casa percebi o quanto o sistema burocrático tem um jeito de controlar nossas ações, de restringir até mesmo nossa boa vontade. Lembrei-me de que os resultados parciais do trabalho teriam de ser apresentados na semana seguinte, e que a próxima segunda-feira seria o feriado de 15 de Novembro. Só havia uma alternativa: procurar a escola em que estudei por três anos. Meses antes não me interessara em fazer o trabalho nesta escola, justamente por ela ter feito parte de minha vida, e sua realidade me parecer tão próxima. Mas agora era tudo o que me restava, e até me acostumei com a ideia, seguro de que seria aceito por ser um aluno egresso. No entanto, sabia que sem um documento nada conseguiria de imediato. Ao chegar na escola, às 20:20h, encontrei dois ex-colegas de sala que estavam indo conversar com a mesma pessoa que eu. Um deles avisou a secretaria de que tinha alguém esperando os portões se abrirem. Entrei. Desta vez fui bem recebido pelo meu ex-professor E., que de longe me reconheceu: "Victor Bispo Zanata!". Conversamos um pouco, demos umas risadas. Logo depois meus dois colegas foram embora, e pude então comunicar o motivo de minha vinda. É lógico que a burocracia ainda estava no comando da situação, apesar da familiaridade com a escola, dos laços de amizade com alguns professores. O buraco é mais embaixo, e eu sabia. Mesmo assim, tudo o que eu queria era poder começar meu trabalho, em um simples recreio de 15 minutos: seria o suficiente. Mas se tratando da burocracia, nossas palavras não bastam; tem que haver a formalidade, as assinaturas, os carimbos... Com essa história toda, só aprendi o que já sabia: simplesmente que, sem um maldito documento, sem um maldito ofício, nem mesmo um defunto consegue provar que está... digamos, morto!